Esse post de hoje eu quero dedicar pra minha amiga Juliana Mariante, que está no hospital...
Hoje eu postei um poema que eu encontrei nos meus disquetes, mandado por um amigo. Mas está tão difícil começar algo, escrever algo, colocar pra fora o que eu estou sentindo, mesmo que algumas pessoas tenham me dito que gostam de ler o que eu escrevo e que eu realmente sinta muito prazer em fazê – lo. Por sinal há muito tempo que eu não fazia nada que me desse tanto prazer quanto escrever...
Esses dias eu tive que produzir alguma coisa sobre a Alanis Morissette pra o site de um amigo meu; e buscando as informações no site oficial dela, achei uma sessão chamada Diary, que é como esse blog e lembrei que a Lori Carson também tinha um, mas no site dela o nome é Journal, que é também uma espécie de diário.
Eu costumava escrever journals para os meus professores de inglês, essa é uma técnica muito usada nas aulas de língua para que o aluno desenvolva sua capacidade de construção e organização de idéias, além de “fluência” na escrita (nem sei se devia usar essa expressão, é que o conceito de fluência depende de uma série de fatores, mas foi a melhor forma de passar a idéia).
E eu estava rindo comigo mesma agora pouco, por que eu fui ler o que tinha nessas sessões do site delas e me assustei com a semelhança do que estava acontecendo aqui comigo. A Lori estava comentando justamente essa dificuldade de se começar alguma coisa, no caso dela uma canção, por mais que a gente se sinta bem em fazer aquilo. E ela coloca essa sensação de “quase fazer” como parte do processo.

E eu estou me sentindo nesse “quase fazer” desde sexta – feira. Sento aqui e consigo produzir tudo o quanto é tipo de coisa, menos algo pra mim mesma. Acho que na verdade eu fiquei extremamente chocada com as cenas da guerra que está acontecendo no oriente médio e me senti meio impotente diante daquelas imagens e diante da minha covardia em tentar fazer algo melhor pelos outros. Eu estou aqui nesse computador, escrevendo essas coisas, passei o dia com a minha família, comi chocolate, ouvi música, discuti com um dos meus melhores amigos (e talvez essa tenha sido a atitude mais imbecil do meu dia), enquanto há décadas que muitas pessoas no oriente médio não sabem nem o que é sorrir direito, vivendo naquele estado de tensão, não sabendo sequer se estarão vivas no dia seguinte ou se serão explodidas por alguma bomba no meio da rua. Me sentia um lixo...e certamente há migalhas desse sentimento dentro de mim, do contrário, não estaria escrevendo sobre isso.
Mas me impressionou quando eu entrei no site da Alanis e ela estava falando exatamente sobre esse tipo de sentimento no Diary dela. Ela colocava que algumas pessoas se importam e outras não, que algumas pessoas se interessam em fazer o melhor por aqueles que estão perto e outras não.
E eu fico aqui pensando nessa situação toda e vejo que esta guerra no oriente médio, deflagrada há tantos anos, não pode, infelizmente, ser interrompida, por mais que tenhamos vontade. Por que ela chegou em um ponto onde toda a razão foi abolida e o sentimento de humanidade só está em nós que estamos de fora, e naqueles envolvidos, que por um lampejo de consciência, não se vêem como parte daquilo. Mas para todos aqueles que entregam suas vidas todos os dias em nome de um objetivo, seja ele insano ou não, e tenha ele motivo religioso, político ou cultural, aquilo tudo faz sentido e o que nós pensamos a respeito não importa.
Então, de certa forma, eu fico com a opinião da Alanis. Se a gente não pode interromper essa bomba que já foi detonada, tentemos preservar a nossa própria vida e trabalhar com os demais para que novas bombas não precisem ser soltas por motivo algum.
E eu acho que a gente faz isso cuidando e respeitando as pessoas ao nosso redor, tratando - os com muito carinho e acima de tudo, resolvendo as nossas pendências com aquelas pessoas com quem nós fomos intolerantes ou que foram intolerantes conosco, tentando sempre ficar de bem com quem a gente ama, sejam eles parentes, amores ou amigos, não é Rodrigo?