Pesquisar este blog

quinta-feira, janeiro 09, 2003

Como era boa a minha infância...

Seis anos. Esta é a idade da pequena Maria Alice. Ela gosta de Cecília Meireles. Tem diário e caderninho de poesias. Sete anos. Está é a idade de Maria Mônica. Ela tem afeições por leitura e tem um diário com cadeado (para ela diário sem cadeado não é diário). São minhas primas e adoram brincar – como toda criança. Vamos brincar, então. Levo as duas ao parquinho, onde elas podem tirar as sandálias, correr na areia, aproveitar os balanços, gangorras, escorregos e toda a sorte de brinquedos que um parque de pracinha pode ter.

Depois de quase uma hora de correria, bate a fome. Cadê o pipoqueiro??? Não tem pipoqueiro!!! Não tem pipoqueiro???!!!! Como não tem pipoqueiro???!!! Não tendo! Não tinha. Não havia pipoqueiro!!! O que havia era um corredor de barraquinhas padronizadas vendendo pipoca de microondas. Não acreditei!!! Onde está aquele senhor simpático que vinha aqui todos os dias com seu carrinho prateado de pipocas, doces e salgadas, com cobertura de leite moça ou manteiga de garrafa, quentinha, feita na hora???? E ainda tinha variedades: de milho ou de “isopor” – como aqui em Recife nós chamávamos a pipoca que era feita de milho de mungunzá. Alguém sabe o que é mungunzá? Qualquer dia haverá um post especial sobre culinária. Quando eu aprender a fazer pretzel eu escrevo. Mas a questão é que não havia pipoqueiro simpático para comprar deliciosas pipocas, nem para comprar duas e pedir uma de graça porque o dinheiro não dava para três, nem para comentar que o dia está quente, nem para comprar pipoca salgada e pedir um pouquinho da doce apenas “para experimentar”. Não havia!!!

Estão acabando com a magia da infância e eu fico triste pelas crianças de hoje em dia, que não sabem jogar queimado, nem barra bandeira, nem pega – macaco, nem mandrake, nem batatinha frita 1 2 3, porque não saem na rua, porque não brincam descalças, nem caem da bicicleta, nem sobem em muro e nem se escondem em galho de árvores, nem criam calos nos pés por correr em ruas calçadas com piche para “bater primeiro” na brincadeira de esconde – esconde. Pelo menos aqui onde moro ainda restam a praça e os brinquedos, mas o pipoqueiro, o moço do algodão doce, dos balões de hélio, todos se foram...ficaram as lembranças...