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domingo, janeiro 05, 2003

Viva as bibliotecas e seus acervos maravilhosos...

Estou muito feliz comigo mesma, depois de uma semana de total desespero. Não vou dissertar aqui sobre o que deu errado nos meus últimos dias, porque nem eu gosto mais de lembrar. Então, passemos para o próximo capítulo. Estou feliz porque consegui vencer a minha falta de coragem de sair de casa ao meio dia, debaixo deste sol que fabrica torresminhos em Recife, para visitar a biblioteca da faculdade durante as férias. Não que não tenha livros o bastante em casa para ler, só tenho. Mas é que estava pesquisando mais sobre o Otto Lara Resende para concluir a matéria do Rabisco, e por isso fiz questão de dar uma passadinha por lá para averiguar o que havia de interessante.

Meus olhos brilharam quando eu finalmente dei de cara com a sessão de biografias e literatura. Pessoas, é inacreditável!!! Tem muita coisa sobre muitos autores maravilhosos e outros desconhecidos, que pelo simples fato de terem suas obras repousando naquelas estantes, já nos convidam para uma aproximação maior. Uma biblioteca é tudo o que há de maravilhoso neste mundo. Não é a toa que até hoje lamenta – se a destruição da Biblioteca de Alexandria. Fico impressionada quando vejo que as pessoas não freqüentam muito estes ambientes. Na faculdade, eu conhecia apenas os setores mais acadêmicos, ou seja, a ala em que estão dispostos os livros da área de jornalismo e conhecimentos gerais. Não tinha ido até o outro lado ver este paraíso que conheci estes dias. Nunca fiquei tão feliz por passar mais quatro anos e meio dentro de uma faculdade. Preciso terminar as obras de Clarice, que parei um pouco para ler as biografias do Otto. Quando terminar minha viagem pelo universo de Lispector em suas correspondências, lerei um livro do Samuel Wainer intitulado Minha Razão de Viver, já está aqui me olhando ao lado. “Olá livro!”



Sempre tive curiosidade de saber mais sobre o Samuel Wainer e sobre o furacão Carlos Lacerda. Desde que o Marcelinho despertou os meus sentidos para os acontecimentos da primeira metade do século XX, onde todos esses nomes freqüentavam as redações de jornal, através da vida de Nelson Rodrigues que eu me deixei voltar no tempo e comecei a ler bastante sobre os autores e jornalistas daquela época. São eles que, ao lado dos medalhões internacionais, como Wilde, Joyce, Borges, Kafka, Sartre e por aí vai, são cultuados em nossas escolas e têm espaços em nossas estantes. Mas sabemos muito pouco sobre a vida deles e principalmente sobre o contexto em que eles estavam inseridos. Ler memórias, cartas, contos e biografias destes escritores brasileiros é uma forma não só de descobrir o contexto no qual eles estavam inseridos, mas também de aprender também um pouco mais sobre a história do nosso país. Aprendi mais sobre a Era Vargas e a Ditadura Militar lendo estas obras do que em todo o meu período escolar. Hoje compreendo bem melhor a passagem do século XIX para o século XX, quando Machado de Assis encantava o Brasil com suas obras, do que durante os meus três anos de estudos de literatura.



A única desvantagem é que com isso não tenho acompanhado com maior afinco a produção literária das últimas duas décadas. Mas não tem problema, porque a leitura deste material vai me dar uma boa bagagem para entender o desenrolar da história e poder situar melhor os escritores contemporâneos. E creio também que a maior vantagem de todo este processo vai ser poder olhar para estes novos autores como fruto do meio em que estão, sem ficar comparando com os que passaram. Pois a nossa literatura e a nossa poesia possuem muito disso. Os novos autores são constantemente ameaçados pelos fantasmas dos autores consagrados na chamada “época áurea da literatura brasileira”. É claro que com o advento da indústria cultural, muita coisa ruim vem sendo lançada e estampam a linha de frente das livrarias, mas tem gente muito boa no mercado atualmente, e que vale a pena ler, como também é válido continuar lendo e relendo as obras de autores brasileiros considerados clássicos. Uma descoberta muito preciosa em 2002 foi a de que a literatura brasileira é melhor do que a gente pensa. É só dar uma passadinha nas livrarias, sebos e bibliotecas do país.

P.S 1 – Iago e Ana. Já que vocês gostaram da pequena homenagem que eu fiz ao Otto Lara Resende aqui no blog, no fim da semana sai o texto que eu fiz especialmente para a décima edição do Rabisco


P.S 2 – Para quem gosta de política e histórias da política, boa parte das coisas que eu aprendi e que serviram de complemento às minhas leituras sobre a situação política do Brasil citadas na obra do Nelson Rodrigues, do Otto Lara e no livro Correspondências, da Clarice Lispector estão no
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