Educação e JN...
O Jornal Nacional de hoje começou com uma matéria interessante sobre educação. Nela, quatro turmas de uma escola em Vitória (ES) dividiam duas salas de aula e a dupla de professores que compunha todo o quadro docente da instituição precisava dar aula, no mesmo horário, para dois grupos, cada. O que chamou mais atenção na matéria não foi necessariamente a situação caótica da escola, porque ela se repete em casos ainda mais graves no país.
O que me deixou de queixo caído mesmo foi a Secretária de Educação dizer que aquele sistema não comprometia o aprendizado do aluno. O cúmulo da cara de pau. Caso semelhante ao dessa senhora eu apenas vi quando uma outra representante do poder público, no Rio de Janeiro, mandou queimar exemplares antigos da literatura nacional, alegando que eles não serviam para nada. Nas mãos de quem a educação desse país está colocada? Um bando de gente incompetente. Não é possível!!!
Seria muito bom se alguém resolvesse fazer a experiência de colocar os filhos dessas mulheres nas escolas e bibliotecas que elas consideram “exemplares” para as classes menos favorecidas do Brasil. A minha irmã mais nova ensina em uma escola municipal, que copiou o modelo estadual de não reprovar alunos – para evitar o desestímulo.
Os alunos dela da sétima série escrevem pior que muitos alunos da segunda série primária. Não sabem NADA de gramática. Eles vão para a escola para não repetir por falta e passam a aula inteira badernando porque sabem que se não conseguirem a média necessária passarão do mesmo jeito. É um caos. Quando lemos as redações, ela e eu, deu vontade de chorar. É esse pessoal que vai tomar conta do Brasil no futuro. Pessoas que não sabem ler e escrever, por causa de um sistema educacional inadequado, e ainda vão entrar na universidade através de um absurdo sistema de cotas.
Sistema esse que não coloca ninguém no Olimpo, apenas adia a frustração, pois, vem se confirmando o que eu sempre disse aos meus amigos: um aluno que passa no vestibular através desse sistema – por mais questionável que seja o processo seletivo normal – não consegue, em geral, fazer o curso inteiro sem reprovar. Não é por falta de vontade ou preguiça, é porque simplesmente não adquiriu, ao longo da vida escolar, conhecimento suficiente para enfrentar os cursos universitários.
Um exemplo claro disso é o que a matéria do JN mostrou a seguir. O curso de engenharia da UFPE fazendo cursos de Cálculo Zero, Física Zero e Matemática Zero para aqueles alunos que tiram abaixo de 3 nas provas específicas para o curso. E isso não é novo. Eu deixei a UPE em 2000 e prestei o vestibular para engenharia na UFPE. Na época, minha nota foi 5,02 (muito baixa!) e eu passei em 23º lugar. Havia 120 vagas. Imagina o candidato que passou em 120º? A nota foi na casa dos 3,5 pontos. Eu fiquei de queixo caído. Como podia alguém com essa nota cursar engenharia?
Os coordenadores pensaram o mesmo e, no dia da matrícula, os alunos foram convocados para uma reunião urgente. Quem havia tirado menos de 3 nas disciplinas básicas do curso, eles aconselharam participar desse preparatório que saiu hoje no jornal, ou seja, ele existe há quatro anos. Na época, no entanto, era opcional. O aluno aconselhado escolhia se queria fazer ou não. Muitos alunos, achando que se garantiriam no curso, não fizeram, mesmo com o aviso prévio da coordenação. Resultado: reprovaram e continuam reprovando disciplinas até hoje.
Estiva na UFPE há três semanas e encontrei um pessoal que era da minha turma e eles disseram que havia mais ou menos 15 pessoas, dos 60 que entraram conosco. Imaginem? Se contarmos que dos 60, 10 desistiram do curso – como eu, por exemplo, que descobri minha vocação na escrita – durante esses quatro anos, ainda assim, 35 pessoas reprovadas é um índice altíssimo. E o pessoal ainda quer empurrar gente na universidade, sem preparação, apenas para diminuir os índices nos relatórios governamentais? Sinceramente...