Vinte e Sete
Engraçado, até o meio dia de hoje eu ainda não tinha me tocado que completei vinte e sete anos. Dessa vez eu não acordei com aquela sensação de “idade nova”, de curiosidade sobre o que aquele ano a mais poderia significar. Não sei se foi porque eu precisei trabalhar logo cedo e não tive o dia inteiro para curtir, ou se, depois de tanto tempo esperando algo realmente novo com a idade, eu acabei percebendo que as coisas não são bem assim.
No entanto, isso não é ruim, de maneira alguma. Eu creio que essa sensação de deslumbramento que me faltou esse ano está sendo bem positiva, porque ela é fruto de algo que eu já venho sentindo há algum tempo. Agora eu estou caminhando para o sexto semestre da faculdade de jornalismo. Em um ano e meio estarei formada e preciso começar a estruturar melhor minha vida após a universidade.
Vi um grande amigo formar-se este ano, outro está concluindo ano que vem e ambos sentem a responsabilidade que é estar se distanciando dessa incubadora chamada universidade. De certa forma, nós sentimos uma certa proteção. Não existe, de maneira latente, a sensação de “sobrevivência” que as pessoas com o curso concluído (ou em vias de conclusão) começam a sentir. A universidade é um laboratório, um espaço de aprendizado, e tudo muda quando, em vez das provas, recebemos o diploma na mão. Os testes são outros.
Talvez, alguém esteja se perguntando: “por que ela resolveu falar disso no dia do aniversário, ao invés de falar de festa, presentes e outras coisas, como sempre faz?”. Acredito que essa reflexão hoje foi tão presente, e necessária, quanto as coisas boas que a gente recebe em dias especiais. Fazer aniversário é, também, passar por um momento de transição e as coisas parecem estar se mostrando, agora, de uma maneira que não se revelavam antes, em diversos aspectos.
Essa ausência de exatos dois meses, neste espaço, foi reflexo de uma fase em que os bastidores se mostraram o lugar mais confortável do mundo. Agora a vida chama de volta e o que era sombra vai começando a ser luz, como a lua saindo de um eclipse. Eu tenho plena certeza que tem algo muito forte e novo começando por aqui. Espero que seja tão bom e significativo quanto essa descoberta.
Agora, para não dizer que o dia foi apenas de reflexões existenciais, eu me diverti bastante trabalhando na feira agroecológica, umas seis horas da manhã. A praia de Boa Viagem estava linda. O sol no céu bem azul. Depois, a visita foi na feira das Graças e eu ganhei flores. Hoje, por sinal, foi um dia bastante florido. Recebi flores dos agricultores, do pessoal do estágio, dos meus familiares, de um amigo do programa de rádio e de mim mesma (porque eu sempre me dou um presente).
Ainda ganhei dois livros super legais (um lindo, de poemas com xilogravuras, de José Arlindo Gomes de Sá; e outro do meu amado Nelson Rodrigues, ai ai ai...quase morri de emoção!!!) e um disco da Parafusa (uma banda muito legal de Recife, que está fazendo show neste momento no centro da cidade!). Ah! Ganhei, também, um poema de aniversário. Fiquei tão feliz (e perplexa!) que pedi permissão ao Luiz Marcelo para postar os versos aqui no blog. É lindo!!! Ele começou a fazer há dois dias, terminou hoje e me deu. Adorei!!!!
Líricas
Sempre é tempo de talhar versos
De reter imagens
Colorir nuvens
Fantasias
Sempre é tempo de vivificar sonhos
De colher águas
Compor liras
Harmonias
Sempre é tempo de desabrochar abraços
De oferecer sorrisos
Afluir afetos
Alegrias
No átimo do sempre, o presente
A timoneira vertente
Que traduz no vento
O óleo da poesia