Eu queria ser Alice...
Eu penso que faz quase um mês que não escrevo no blog. Vontade eu tenho muita, mas vem aquela velha preguiça e acaba com tudo. Fazer jornalismo é se alimentar de cansaços? Por outro lado, tem o pequeno Arthur que agora aparece aqui em casa mais vezes para nos visitar. Ele está com seis meses, quase setenta centímetros, nove quilos e meio e dois dentes. Penso que com todo este desenvolvimento em tão pouco tempo, dentro em breve ele vai estar apto para tomar conta de mim. Que ótimo!
A novidade é que fiz dois pequenos contos. Hugo diz que eu devo investir nisso. Eu confesso que prefiro passar a vida inteira sendo repórter. Contudo, as pessoas na Vacatussa reclamaram forte que eu não escrevia...então eu passei três meses pensando em uma idéia e escrevi uma narrativa breve. O outro foi o desenrolar de um pequeno conto que eu havia feito para o Capitu quando o site ainda existia.
Na verdade, esta história deste segundo conto rendeu bastante. Parte dela foi relatada em uma crônica que publiquei há alguns anos no Rabisco, a outra foi o conto pequenino do Capitu e a terceira é este novo trabalho que eu não sei se vai sair em algum lugar. Pelo menos, não vai ser por este fato que eu vou precisar freqüentar o analista. Ele está devidamente depurado.
O personagem é um pedinte de ônibus que tem aqui em Recife. Ele é dono de uma série de desentendimentos com passageiros, cobradores e motoristas. Pensei em escrever um perfil dele uma vez, mas como existe uma aura enorme de inacessibilidade fiquei receosa de passar por mais constrangimentos e ouvir mais grosserias. No entanto, posso afirmar que a rotina dele daria um perfil fantástico. A idéia permanece. Não vou me desvencilhar dela (será que preciso do analista?).
Além destas idas e vindas da literatura e a continuidade do jornalismo, eu estou encasulada. A tensão pré-monografia se instalou com toda a força do mundo. Vou para a aula com medo de não conseguir ler todos os livros, nem conseguir pesquisar no Arquivo Público, ou ficar sem analisar os dados e não poder escrever e tudo termina com o sono interrompido no meio da madrugada e aquela pergunta: e se eu tirar nota baixa na banca? Pesadelos. Dores no corpo. Sono excessivo. Todo mundo passa por isso e por que seria diferente comigo? Por que não é diferente comigo?
Por outro lado vem aquela coisa boa de pensar no mestrado. Estou vendo as linhas de pesquisa da Umesp por causa da pesquisa e do inventário que fiz aqui em Recife sobre os jornais recifenses. Seria ótimo continuar envolvida com história da imprensa. É muito bom. Não vejo a hora de ter tempo de ler aqueles jornais antigos de novo. Ô saudade. Falar nisso, lembro que Joana me deve documentos de fundação do jornal que vai ser enfocado na minha pesquisa. Joana, não se esqueça, não me esqueça. Ajude a amenizar meus pesadelos.
Victor chegou. Pena que estamos como naquele filme da Sofia Coppola: Encontros e Desencontros. Saudades do meu querido amigo brasiliense. Ele veio pular o carnaval. Eu não vou junto com ele. Se pudesse, me mudava de Recife nesta época. Não que eu odeie carnaval, mas também não me dou bem com a multidão. Rafa estava dizendo que ia dar uma escapulida para ver os blocos no Rio de Janeiro. Aqui a gente não precisa sair nem de casa. A cidade inteira está saltitando. Se brincar, até os ácaros estão montando um bloco de carnaval intitulado “deixa a poeira subir”.
Deixando os ácaros quietinhos para a asma não chegar, eu me despeço. É tarde, meu Coelho, é tarde. Eu não sou Alice que tem a pílula da Ilusão. Se tivesse gostaria de estar em julho, bem formada e aprovada na monografia, indo curtir o clima de Floripa na SBPC. Acorde querida, tem muito trabalho até este momento chegar. Então, amigos, por hoje é isso. Leiam o Rabisco e aguardem novidades.