...veravenda
Primeiro, deixem-me registrar todo o amor e respeito que eu sinto pelo meu pai, mesmo que eu não faça tudo o que ele me pede =)
Agora sim, podemos conversar.
Um mês e meio de formada. Tudo na vida muda. Algumas pessoas me olham na rua e me perguntam se eu consegui um emprego. Outras dizem que eu preciso ter muito carinho com meu visual porque agora eu sou uma jornalista formada. É muito interessante esta preocupação da comunidade com o futuro. Meu pai quer que eu faça um concurso público para ter estabilidade, mas ele sabe que eu não vou fazer da maneira como ele gostaria. Concurso público eu faço apenas para pesquisador, professor ou jornalista de alguma instituição pública. Fora isso, nem pensar.
Por enquanto, eu vou me preparando para o mestrado em história da imprensa, além de tocar meus projetos e tentar conseguir um emprego, é claro. Semana passada, por sinal, tive uma das experiências mais singulares da minha vida. Fiz uma oficina de fotografia e fomos experimentar nossas idéias em um Mercado da cidade. Quando pensamos que íamos ficar livres, o nosso facilitador pediu que formássemos duplas. Então, ele nos deu pedaços de pano de cor preta e determinou que uma pessoa fosse o guia, enquanto a outra colocaria uma venda nos olhos. E quem estivesse vendado faria as fotos.
Foi a vivência mais rica que eu tive este ano, além da elaboração da minha monografia. Andar pelo Mercado sendo guiada por Fernanda (que aparece segurando a minha mão na segunda foto abaixo), apenas ouvindo os sons, sentindo os cheiros e tocando as coisas. Em um determinado momento, eu decidi que fotografaria todo mundo que falasse comigo. Então, se alguém perguntava: por que ela está com esse pano nos olhos? Eu gritava: fala de novo! fala de novo! E pela direção da voz, eu me virava e batia a foto.
O resultado foi bastante interessante. É claro que algumas fotos saíram com pedaços de rosto, outras com braços, e uma que saiu apenas o pescoço e o colar de uma senhora que falou bem perto de mim. Mas, em geral, os feirantes saíram inteiros e ainda sorriram para a câmera. Eu dei muitas gargalhadas depois que as fotos foram ampliadas. As caras eram muito engraçadas.
O bom é que fizemos alguns planos para este material produzido. Em breve falarei mais sobre o destino das nossas fotos, ok? Além desta oficina, eu me matriculei em outras três, ou seja, passarei agosto inteiro estudando fotografia. Eu confesso que isso faz parte de um planejamento meu. Eu queria passar os três primeiros meses depois da minha formatura me dedicando a coisas que eu não pude fazer durante a faculdade, e projetos com fotografia estavam envolvidos nisso.
Ah! eu acabei ganhando um livro na primeira oficina. Ele traz o trabalho (lindo!) do fotógrafo Mateus Sá sobre as comunidades nativas do litoral de Pernambuco, incluindo Fernando de Noronha. O título do livro é Luz do Litoral. Vale a pena conhecer porque o resultado é bastante inspirador. Além do livro, vale a pena conhecer, também, o documentário Nascidos em Bordéis. É uma das coisas mais lindas e transformadoras que eu vi nos últimos anos.
Bom começo de semana, viu?