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domingo, abril 07, 2002

"O Ser humano não é...é um eterno vir a ser..."

Tem uma letra do Adam Duritz (Counting Crows) que diz assim:

“All my friends and lovers shine like the sun. And I just turn and walk away. One day or another I´m not coming undone. I´m just waiting for the day”.

E esses dias eu venho pensando se eu estou realmente pronta para enfrentar o mundo. Ou melhor, se eu estou realmente pronta para conviver com as pessoas ao meu redor. Ao mesmo tempo me faço uma pergunta extremamente ingênua: o que é estar pronta pra enfrentar isso tudo?

Será que algum dia estaremos prontos de fato? Ou vivemos em constante processo de preparação para algo tão inatingível quanto a vontade de se sentir pronto para enfrentar todas as circunstâncias?

Tenho sentido que me assusto com a capacidade das pessoas de disfarçar, ou não dizer, realmente, o que pensam quando deveriam. E cada vez que isso acontece na minha vida, mesmo que seja com alguém que eu tenha uma certa afetividade, a minha primeira reação é de repulsa; como se a discordância de princípios fosse um obstáculo intransponível. E não é. Talvez seja apenas questão de adaptação.



Mas é que às vezes as pessoas passam a idéia de que pensam de um jeito, e na verdade pensam de outra maneira. Então eu fico sem saber até que ponto o que eu estou vendo na minha frente é o que a pessoa realmente é (acho que estou sendo ingênua novamente).

Esse tipo de comportamento me deixa completamente transtornada, por que eu não sou do tipo de pessoa que vende a alma pra estar sempre “na crista da onda”, como diria um garoto que eu conheci. E até diria que eu acho isso errado. Talvez eu precise controlar isso, por que as pessoas não são obrigadas a ver o mundo pela mesma lente que eu. E escolhi um rumo pra minha vida onde conviverei com todos os tipos de pessoas, pensamentos e atitudes, quer eu goste ou não.

Até então eu tinha me dado ao luxo de só sair de casa para lugares que eu gostava, só ouvir música com que eu me identificava, só ir ao cinema se o filme me agradasse, ou seja, só fazer aquilo que me fazia bem. E eu estou chegando a conclusão de que eu preciso conversar mais com pessoas que discordem dos meus pontos de vista.

Por que eu tenho aprendido muito com as pessoas que concordam comigo. Elas me dão substância para desenvolver as idéias que eu já tenho. Mas é sempre interessante confrontar as nossas idéias com outras diferentes. E eu sinto que preciso fazer mais isso, até como uma forma de me fortalecer emocionalmente para ouvir críticas no futuro, ou saber me sair bem de uma discussão onde eu tenha visões diferentes das outras pessoas.



É uma questão de evolução do meu nível de tolerância, ou de adaptação às situações, e principalmente, às descobertas insalubres que eu tenho tido ultimamente. E que eu não sei como lidar com elas. Talvez devesse fazer da mesma forma que eu gostaria que fizessem comigo.

E meu maior desejo em poder desenvolver a minha capacidade de passar por essas experiências, vem também do fato de saber que em vários momentos da minha vida, eu também posso ter decepcionado as pessoas que conviviam comigo. E como elas reagiram? Me entenderam? Ou se afastaram? Eu não sei. Só sei dizer daqueles que vieram até mim. Os demais, não sei...Acho que ninguém efetivamente sabe quando magoa as pessoas, a não ser que faça propositalmente.

De qualquer forma, eu ainda tenho muito o que aprender.

Imagens da Home Page Calvin and Hobbes at Martijn's - www.reemst.com/calvin_and_hobbes/