Eu lembro de ter dito a algumas semanas que no dia em que eu me sentisse realmente feliz, eu registraria isso aqui. E como eu me sinto muito feliz hoje, apesar da minha amidalite, resolvi escrever por que eu estou feliz.
Quando eu era adolescente, se é que algum dia deixei de ser, eu lia a coluna do Zeca Camargo, na Capricho. Adorava os poemas, as dicas de discos e livros que ele colocava lá, etc. Mas existe uma matéria dele que me chamou bastante atenção por que ele utilizou uma sessão para escrever especialmente sobre pessoas que fizeram parte da vida dele. E eu decidi fazer isso aqui hoje, mas decidi escrever sobre pessoas que, de um ano para cá, deram uma nova conotação à minha vida. Influenciando, principalmente, na minha atual escolha profissional.
A primeira delas é o Marcelinho, que está feliz por que o time dele está na final do Campeonato Gaúcho. Já faz quase um ano desde que eu enviei um email para esse guri dizendo que estava deixando a nossa lista de discussão e recebi uma singela resposta, escrita em inglês, assim: “Don´t forget me”. Hoje certamente eu digo “Como eu poderia?”, se ele é um dos motivos que me fazem acreditar que a vida vale a pena...E que eu tenho tudo para acordar todo dia e agradecer pela minha existência. Há quase um ano, quase que religiosamente, eu recebo suas mensagens diárias pela internet e seus envelopes recheados de coisas super enriquecedoras pelos Correios. E algo que me faz sentir realmente feliz é que, apesar das adversidades pelas quais a gente passou ao longo deste ano, ele nunca deixou de estar junto de mim, mesmo morando do outro lado do país.

Ele é jornalista, e eu lembro dos dias que eu ficava aqui babando as coisas que ele escrevia. Como ele, meticulosamente, encaixava cada palavra e fazia dos seus textos verdadeiras odisséias poéticas. Eu andava com eles na mochila pra me fazer companhia no ônibus, nas filas de banco, em todos os lugares onde eu me sentisse só ou desconfortável. E quando eu lia aquelas coisas, me sentia tão bem, que até gostava de estar naqueles locais extremamente incômodos. Eu perdia a noção de tempo e de espaço, viajava nas entrelinhas e passava o resto do dia pensando nas coisas que ele escrevia. E como ele escrevia. A primeira vez que ele disse que eu escrevia bem, eu quase desmaiei. Como é que eu escrevia bem? Ele é que escrevia bem. Mas ele me ajudou a desenvolver confidência, auto – estima para redigir. Quando eu decidi fazer este blog, e não queria transformar isso aqui em um lamento adolescente, ele me deu a idéia de colocar minhas idéias como se eu estivesse escrevendo uma carta a um amigo. Eu fiz isso, e tem dado certo.
Estes dias, a minha caixa de emails do blog foi presenteada com dois guris muito especiais: Paulo e Jomar. Partindo da paixão pelo counting crows, eles chegaram até este blog e resolveram me escrever dizendo que gostaram dele. E agora eu estou tendo a singular oportunidade de conversar com duas pessoas magníficas sobre uma das nossas bandas favoritas e, certamente, terei a oportunidade de aprender muitas coisas com eles. Logo, sejam bem vindos Jomar e Paulo ao meu ciclo de amizades virtual.

Engraçado é que ontem eu fui trancar a faculdade e vinha triste pelo caminho pensando se eu havia tomado a decisão certa, e quando abri a minha caixa de email havia o email do Paulo falando como o que eu escrevia no meu blog havia dado um novo sentido ao domingo dele. Quando eu li isso, eu tive plena certeza de que eu havia escolhido o caminho certo. E é nisso que eu vou investir.
Ah! um serviço de utilidade pública: o Jomar me indicou o novo single do Crows – American Girls – disponível no audiogalaxy. A música é muito legal, como toda a obra do Crows. O Adam Duritz é um dos melhores letristas que eu conheci.
Uma outra pessoa muito especial também tem nome de Marcelo, mas esse tem sobrenome Toledo e mora em São Paulo. Eu nunca tinha escrito aqui nada sobre ele, escrevo hoje. Nós participávamos da mesma lista de discussão, e ele um belo dia me escreveu em particular e começamos a conversar. Sabe aquela pessoa que, de repente, é colocada na sua vida e que você percebe que ela apareceu ali no momento certo? Não poderia ser nem antes e nem depois? Pois bem, é isso. Eu só tenho a agradecer a ele pela companhia nestes últimos meses, me ajudando a descobrir coisas nas entrelinhas dos meus textos, e conseqüentemente, me fazendo encontrar mais detalhes a respeito de mim mesma. Eu descobri, inclusive, que as pessoas podem ter uma idéia clara de quem eu sou apenas lendo essas extensas linhas que eu coloco no papel de quando em vez. Ele, de certa forma, me ajudou a sedimentar a minha confidência para escrever, nas análises que ele fez do que eu venho desenvolvendo neste espaço virtual.

Também tem a Nágila, não posso esquecer dela. Afinal foi ela quem me deu o primeiro feedback virtual por causa de um texto que eu escrevi para o pessoal do www.argumento.net (o site e o Zine são muito legais). E há duas semanas ela me presenteou com um envelope contendo uma crônica LINDA, chamada O Ciclo da Vida e da Morte, de um autor desconhecido; e mais uns textos super legais: O Aleph, do meu escritor do coração, Jorge Luis Borges e As Lascas Podem Ser Belas, do Rubem Alves. Foi uma atitude muito nobre da parte dela, por que eu estava triste e ele mandou essas coisas para me animar. Foi realmente importante.
O Evandro é minha companhia virtual diária. Digamos que ele toma conhecimento dos fatos quase que simultaneamente aos próprios, por que ele passa o dia conectado e é com quem eu mais converso durante o dia. Engraçado é que eu detestava o Evandro. Detestava. Se falassem o nome dele eu tinha náusea. E um dia eu resolvi acabar com isso, por que era sem motivo. Abri o ICQ e contei tudo pra ele. Tudo. Como, por que e quando eu comecei a detestá – lo. Coitado do guri, quase caiu da cadeira com aquela bomba. Mas foi o passo inicial para eu acabar com o meu sentimento de repulsa infundado e iniciar uma grande amizade. Hoje em dia, eu confio a ele algumas responsabilidades dos projetos que nós desenvolvemos juntos sem pestanejar. Ele conseguiu me mostrar que a implicância gratuita não leva a nada, e realmente não leva. Se eu tivesse me calado, teria perdido um grande amigo e a oportunidade de conviver com uma pessoa que também faz arte com as palavras.
Bem, é claro que existem outras pessoas que fizeram da minha vida algo singular. Mas isso são cenas dos próximos capítulos...
Imagens: Yahoo