Hoje aconteceu algo esquisito dentro de mim. Eu cheguei a conclusão de que eu não sou relevante na vida de muitas pessoas que eu considero relevantes na minha vida.
E me deparei com a pior das revelações: eu cansei de levar minhas amizades nos braços sozinha. Eu passei esse tempo de silêncio observando as pessoas e refletindo sobre a minha vida, sobretudo depois do meu acidente. E cheguei à conclusão que, tirando alguns gatos pingados, a maioria das minhas amizades são mais de farra do que de fato.
Agora mesmo eu não queria estar na frente deste computador escrevendo, mas não tenho ninguém por perto para ir tomar um sorvete sequer. Se eu desligar o computador, vou ficar sozinha. Aqui pelo menos o Orlei e o Evandro estão conversando comigo, longe, mas estão.

E eu fiquei aqui pensando em pessoas que não mudaram o ritmo de vida que levavam há algum tempo atrás, porém, antes dedicavam um pouco do seu tempo para escrever um e-mail pra mim. E hoje em dia é quase necessário “implorar” para que elas me mandem alguma notícia. E elas me dizem que eu sou amiga delas, mas não fazem o mínimo de esforço para que eu me sinta como tal. E eu me sinto mal, claro, por que não acho que seja necessário você “cobrar” notícias de pessoas que se consideram amigos.
As pessoas me dizem: “Mas às vezes a gente pensa em você, só que não diz nada”. E pra mim isso é o mais bizarro, por que todas elas cantam para todos os ventos que adoram receber mensagens minhas dizendo que lembrei delas e que eu as acho importantes. Ora bolas, eu também gosto.
E o pior é quando você percebe que a sua amizade com uma pessoa que você estima está indo para o fundo do poço, e ainda sim, tem que ficar pedindo uma, duas, três, quatro vezes para que a pessoa te dê um minutinho de atenção pra que se possa conversar e resolver as coisas. Aí é que é o fim mesmo! Implorar até pra resolver os problemas da amizade, que deveria ser algo do interesse de ambas as partes (ou não?).

A conclusão que eu estou chegando é que as pessoas estão escolhendo os caminhos que elas querem seguir, e pelo visto, eu não estou incluída. Então eu tenho que deixar de ser boba, sentimentalista, e ficar sonhando com amizades perfeitas, com pessoas que dão valor aos amigos como eu gosto de dar, e seguir o meu caminho. E quem quiser dividir a estrada comigo, é muito bem vindo. Mas cansei de ficar alimentando amizade sozinha.
Chega um momento que, por mais que você, na maioria das vezes, faça as coisas sem esperar retorno, a falta de um sinal de que a pessoa está, ao menos, feliz de você estar por perto, acaba desgastando. Por que a gente nem sempre está bem o tempo todo, e às vezes esse retorno é importante para que se consiga levar a amizade nessa rotina cansativa. O retorno seria uma espécie de “parada para descanso”, depois de uma longa caminhada.
E cada caso diverge entre si. Seria muita irresponsabilidade da minha parte colocar todo mundo na mesma panela e dizer que todas as pessoas que não me mandam notícias deixaram de me considerar. Mas que eu sinto falta de receber mais notícias, sinto; e que me dá saudades das épocas em que elas demonstravam se importar comigo, mais ainda. Fico lembrando de tia Lenira dizendo: “Tempo é questão de interesse e a vida é uma soma de escolhas”. E hoje vejo que ela tem toda razão.