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terça-feira, outubro 22, 2002

CAPÍTULO 2 – QUASE WILLIAM MILLER...

Se existe uma figura interessante no filme Quase Famosos, esta é William Miller, o garotinho que torna – se jornalista amador aos 15 anos. Não pela carreira apenas, mas por toda a sua situação de vida. Amou como ninguém sua querida Penny Lane. O que sentia era tão forte que conseguiu passar por cima da tristeza de saber que ela tinha sido de “muitos” e de acompanhar inclusive um de seus casos mais fortes. Em uma cena, ele a tem em seus braços completamente embriagada, diz claramente que a ama, e antes de executar seu “gran finale” na cena, declara:“Agora irei aonde muitos já estiveram” e dá um beijinho apaixonado naquela que o fazia saltitar no meio da madrugada gritando “It´s all happening! It´s all happening!”. Isto é o que eu chamo de um amor puro e inocente, que cura as neuroses do dia – a – dia com chutes em trouxas de roupa suja, choro em corredor de hotel e suspiros com a foto da amada na mão.



Sinto falta da minha adolescência, de quando eu podia chorar no chuveiro por ter sido dispensada pela milésima vez, mas continuava tendo esperanças de que um dia as coisas seriam diferentes. Quando a gente fica adulto parece que a rotina dizima a ferramenta que retroalimenta este sentimento de que dias melhores virão, e a gente fica pelos cantos parecendo uma flor murcha esquecida em um canto do jardim. Tenho saudades das minhas loucuras desmedidas, da época em que dava a cara pra bater, tinha coragem de verdade, mesmo que chorasse durante dias seguidos depois de um belo fora, por que hoje eu simplesmente dou risada disso tudo. Mas a gente cresce e começa a ter vergonha do que sente, vergonha de dizer que gosta, medo de levar fora, e fica mergulhado em um processo de autofagia emocional por ser covarde. Que bela porcaria crescer. Exupéry, você estava completamente certo!



Mas voltando ao menino William, é impressionante a sua capacidade de passar por cima das decepções e de segurar a onda quando a sua vida está no fundo do poço; de falar na hora certa e de calar na hora certa; de pedir desculpas pelas pisadas na bola e de perdoar até quem joga lama na oportunidade mais importante de sua vida. Acho que verei este filme mais umas milhões de vezes para ver se me inspiro e saio desta fase amarga, como diz um amigo meu: fase de estar “de saco cheio de tudo”, de ser objetiva demais, racional demais – até mesmo quando não gostaria de ser; de ser séria demais...muita mulher de quarenta anos não é tão ranzinza quanto eu. Bah! Esse blog não era pra servir como muro de lamentações...parece o Diário de Bridget Jones - ótimo filme, por sinal. Mas chega!