CAÍ DE CABEÇA NO CHÃO
Caí de cabeça no chão. Metaforicamente, claro! A idéia de dizer que caí de cabeça no chão refere – se ao meu excesso de objetividade. Estou perdendo a capacidade de divagar sobre as coisas ou estou perdendo a habilidade de sonhar. Não sei, mas certamente não vi um gatinho...
CAPÍTULO 1 – QUE DIABOS É ISTO?
Não acredito em movimento estudantil alienado, em democracia neoliberal, em partidos políticos que dizem “a” e fazem “b”, em ideologias, em sistemas elaborados em cima da mesa e baseados em conhecimentos de gente que nunca andou pelo Brasil e só senta em padaria de bairro em época de eleição.
Não acredito em atores, que abrem a boca pra falar de uma estabilidade que quase 80% da população não tem, e fico muito preocupada com modelinhos que não votam em candidatos que não sabem inglês e em leitores da Isto É, que mandam cartas para a redação dizendo que o poder aquisitivo da população aumentou. População de onde??? Me digam, pelo amor de Deus, quero morar neste lugar. Certamente o salário mínimo lá deve ser maior que 50 dólares, ou, 200 reais, ou metade da mensalidade da minha faculdade, ou ¼ do valor de alguma PUC da vida.
Não acredito mais em um estado governado por este esquema vigente, que não consegue proteger nem a população, que dirá seus representantes estatais e os profissionais da imprensa – que todos os dias recebem um “cala boca”, seja por crucificação, seqüestro, surra ou bala. Como também não acredito em meios de comunicação que fazem terrorismo, e que não promovem uma discussão séria sobre a real situação do país.
Não acredito em debates de “esclarecimento”. Quando a raposa se faz de boa moça, galinha que não correr vira refeição. Mas também não acredito naqueles que promovem um amanhã perfeito, que só cai bem em obra de ficção, e que não reflete o futuro de um país como nosso, que foi vendido nos últimos 12 anos. A assinatura da ALCA é a mera formalização da transferência.
Também não creio mais nas discussões intelectuais que ficam circulando no mesmo espaço e nem em quem diz que é preciso criar mecanismos, mas não indica os caminhos. Por este motivo, não acredito em quem diz que Noam Chomsky é a salvação da massa alienada – nada contra o autor em questão – só não creio que o velho faminto do Raso da Catarina, local mais seco do Nordeste, vá ler Chomsky. Primeiro por que ele não sabe ler, segundo por que Chomsky não faz a menor falta pra ele, mas água e comida fazem, logo, ele gasta seu dia com o que é útil pra ele, ou seja, caçar as batatas que espreme para tomar o caldo e comer o que sobra. Ler Chomsky é para que tem casa, comida, roupa lavada, pai pagando faculdade, computador, internet, e pode desperdiçar quase 20% do salário mínimo em farra todo mês, se for econômico.
Não acredito mais na sanidade da população que continua votando, em todas as eleições, nos mesmos velhos viciados há várias décadas e induzindo seus filhos a fazerem o mesmo: votar em quem joga na lama um suposto passado de luta, para estar no poder e ainda se reelege com uma obra eleitoreira, que parece não acabar nunca; e naqueles que votam pensando em mudança e a querem de forma imediata, como se anos de destruição pudessem ser reconstruídos na manhã seguinte. Não acredito em estado que vive em lei da mordaça, de censura prévia e de juiz indicado. Nem em candidato que vincula os símbolos do estado à sua campanha.
Não acredito em tapinhas nas costas, elas podem ser um apoio ou um recado de: “nos acertamos depois”. Nem acredito em eleição proporcional, e muito menos em indicação por prestígio. Não acredito em eleição que mudas as regras oito meses antes do pleito e em grupos que permitem um país nadando em medidas provisórias inconstitucionais. E antes que eu pense no que mais não acredito, eu termino isto aqui.
O capítulo 2 fica para a próxima edição. Vou dormir que mais tarde estarei em sala de aula dando minha contribuição para aqueles que não têm 459,00 para dar em uma faculdade particular e precisam passar na federal. Decidi parar de falar e fazer. Não tomem isso como exibicionismo e sim como exemplo e façam também. Termino este post dizendo algo em que acredito: se a gente quer um país mais legal, não deve esperar pelo governo. São 500 anos de espera. Eu cansei...