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quarta-feira, novembro 06, 2002

Cultura Erudita em Foco - parece nome de matéria de boletim semanal...ehehehe

Esta semana fizemos uma breve pesquisa sobre Cultura Erudita para um trabalho da disciplina de sociologia. Eu adorei! Embora tenha ficado acordada das 23:00 às 06:00 da matina elaborando o trabalho escrito.

Acho que a grande descoberta que eu fiz neste trabalho, além de conhecer o real significado da cultura erudita, foi descobrir que, em certos aspectos, ela é uma extensão da cultura popular. Em um site da Associação Cultural Montfort encontramos um artigo intitulado Cultura Popular, Cultura de Elite, Cultura de Massa, de Orlando Fedeli. Em seu texto, ele coloca que todo povo produz uma elite - que são os membros que se destacam em vários campos. Esta elite não se desvincula dos elementos populares, mas os transforma para sua realidade através da erudição, e que desta forma a cultura erudita seria uma extensão da cultura popular.

Em uma entrevista ao Diário de Pernambuco, em 18/08/96, o etnólogo Mario Souto Maior faz um comentário semelhante a respeito disso. A entrevista em si é muito interessante, quem quiser conferir: Pela Voz do Povo

Mas a pesquisa não ficou restrita a isso. Um articulista português, chamado Carlos Fontes foi um pouco mais além e fez uma revisão geral dos conceitos de cultura em seu artigo – Evolução nos Conceitos. Eu sempre achei que quem sofresse um maior prejuízo por conta da cultura de massa fosse a cultura popular – embora eu não acredite que a superficialidade da cultura de massa possa destruir as raízes seculares da cultura popular. Porém, no artigo de Fontes ele coloca um detalhe interessante: a cultura erudita passa a ser prejudicada pela cultura de massa e pela indústria cultural, a partir do momento em que qualquer personalidade, só por levar a mídia a picos de audiência, passa a ser chamada para palestrar sobre assuntos dos quais não tem conhecimento, competência técnica ou cientifica para tal feito.

Eu nunca tinha prestado atenção neste aspecto, mas achei muito interessante. A mídia ao invés de convidar um especialista para falar sobre um determinado assunto, privilegia alguém famoso, que atrai a atenção do público. Que coisa, hein?

Mas outra coisa que nós estávamos pensando é que existe algo positivo da indústria cultural em relação à cultura erudita: quando a literatura e a música erudita passam a ser acessíveis à população, como no caso dos pocket books. A questão é que embora esteja disponível com mais facilidade, isto não indica que a população vá consumir. No caso dos pocket books o consumo foi imediato, por todos os grupos sociais, acredito. No caso da música erudita, creio que ainda não, ainda vai demorar um pouquinho para que Ravel e Cia sejam digeridos pela população. Não porque seja difícil de ouvir, nem nada. Mas porque simplesmente não faz parte do dia – a – dia das pessoas. Nem eu que amo o bolero de Ravel escuto freqüentemente.

Mas a única coisa que me deixou com dúvidas realmente em relação à pesquisa foi o seguinte: cultura erudita é aquela produzida por quem freqüenta centros acadêmicos e tem educação formal ou o que esse grupo consome pode ser considerada cultura erudita também? A minha dúvida tem como fonte Shakesperare. Sua obra era considerada popular na Inglaterra de sua época, mas no Brasil ela é erudita. O que a tornou erudita?Apenas o fato de ser consumida pela elite?
Oh! céus, oh! vida, oh! dúvida cruel!!! J