Um paradoxo...um desabafo...um consolo...
As pessoas são realmente paradoxais, quanto mais falam em coletividade mais julgam o mundo por si mesmas. Fiz uma entrevista com o Los Hermanos para o Rabisco, e desde que a entrevista foi ao ar que fãs da banda comentam que a entrevista foi “manjada, péssima, repetida, sem novidades, uma merda” e outros adjetivos não tão sutis, mas tudo bem.
Assim, eu não me incomodo com o lance da crítica em si. O que me incomoda é que as pessoas vêem apenas um lado da situação, ou seja, o delas. Neste caso, o fãs que comentaram estas coisas não conseguiram enxergar que nem sempre as pessoas são diretamente ligadas a uma banda e buscam informações a respeito dela. Fã não precisa que a informação venha até ele, porque ele costuma se antecipar a esta chegada, buscando as notícias diretamente da fonte, ou seja, sites oficiais, páginas de outros fãs, fanzines, etc.
Portanto, uma entrevista, que por ventura venha a público em uma revista plural como Rabisco, ela vem com o objetivo de atingir a maior quantidade possível de pessoas, e isto inclui, principalmente, aquelas que não vão até a fonte, ou seja, o público mais geral. Quando eu fiz a polêmica entrevista a minha intenção foi atingir exatamente este público que não participa tão ativamente dos bastidores e da convivência com a banda. Nada mais.
Mas alguns fãs não entendem isso, e passam a xingar quem fez a entrevista, a difamar, e a colocar a gente em situação extremamente constrangedora, por não termos sido capazes de suprir as suas necessidades. E isso é triste, ao invés deles comemorarem por que de repente alguém pode ter criado interesse pela banda ao ler a entrevista, não, eles criticam até deixar a gente mal.
Eu tinha prometido a mim mesma não comentar este assunto, por que entendia a situação deles, fãs. Mas a coisa tem passado dos limites, então eu decidi tornar a minha opinião pública. Até porque este é o comportamento de boa parte de admiradores de qualquer banda. Lembro – me quando a EMI lançou a coletânea Mais do Mesmo, da Legião, todo mundo caiu de pau em cima dizendo que a coletânea era caça – níquel. Eu mesma, na época do lançamento, influenciada pelas opiniões alheias, concordei que o tal disco era “aproveitador”, até que conquistei um fã para a banda quando dei a coletânea para um amigo de presente. A partir deste momento eu entendi que o que era algo “batido” pra mim, para ele soou como uma forte novidade e automaticamente ele me solicitou os discos para ouvir, gostou e virou fã. Então nem sempre o que é ruim para um determinado grupo, é ruim para todas as pessoas.
Quando eu entrei na faculdade de jornalismo este ano, conheci algumas pessoas que não gostavam de Legião Urbana por que não conheceram a banda direito, logicamente não poderia apresentar a banda para elas utilizando meu material mais específico, como gravações raras, ou as entrevistas mais longas e detalhadas de Renato Russo, porque provavelmente muita coisa ia ficar no ar, então, eu peguei as entrevistas consideradas “manjadas”, que são as que contém informações mais gerais e dei para o pessoal ler, para que eles fossem se familiarizando com a banda, antes de passar para algo mais elaborado. Então, até pra isso, as entrevistas aparentemente “sem graça” servem. E eu digo isso porque sou fã da Legião, tenho um fã clube, já passei por um processo similar de rejeição de determinados materiais que eu considerava descartável, e que hoje são as minhas melhores armas para atrais pessoas que desconhecem a banda.
Depois de tantos xingamentos que eu ouvi por parte de alguns fãs do Los Hermanos, por causa desta entrevista, o que me consola é que ela pode servir de portal de acesso para alguém gostar da banda, como o Mais do Mesmo e as entrevistas do fundo do meu baú serviram para atrair o meu amigo.