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domingo, janeiro 12, 2003

Papel, caneta, envelope e muitas lembranças...

Semana passada conheci uma garota que dizia que o bom de você mandar presentes para os amigos distantes é encher a caixinha de coisas legais e Pérola comentava que o bom de arrumar o quarto é achar os presentinhos, os bilhetinhos e todas as boas lembranças que compõem a nossa trajetória. Estes dias não agüentei e retirei todas as minhas caixinhas de cartas do armário para poder sentir essa sensação boa de amor que elas transmitem.

As cartas do Márcio de 11 anos de convivência postal. Damiana, que eu acompanhei toda adolescência. Andrei que parou de escrever quando viu que não daria em namoro. A Cris que saiu de São Paulo para Caxias do Sul. Nil que foi jogar handball fora do Brasil. Cedric que me mandou um coração escrito I Love You e depois sumiu. Conny que manda postais natalinos todos os anos. Joselito, que agora assina os envelopes com o apelido que lhe dei, Joe Zelito, e saiu de João Pessoa para viver no Guarujá. Garibay que mandou um Pooh da Disney e nunca mais deu notícias. Jeane que deve estar em suas missões pelo mundo afora como mórmon.
São tantas as trajetórias, tantas as histórias. De repente, senti que o meu caminho também foi traçado em cima destas diversas experiências.



Começou com 150 pessoas. Aos 12 anos. Deixei o endereço naquelas sessões de amigos das revistinhas adolescentes, tipo Querida. Nem sei se existe mais. Imagina. Recebia 40 cartas por semana e respondia tudo em dois ou três dias para não demorar muito. Mas os anos foram passando. Comecei a demorar a escrever, as pessoas demoravam a responder. Umas mudaram de endereço e nunca mais pude falar. Outras as coincidências da vida trouxeram de volta. Outras nunca deixaram de me escrever um bilhetinho, apesar dos percalços. Mas todas elas levaram um pouco de mim e deixaram um pouco de si. Guardo tudo com muito carinho nas latinhas, agora bem visíveis e bem coloridas das minhas estantes, todos os sorrisos, lágrimas, palavras de carinho, discussões, pensamentos, aprendizados e acima de tudo, toda a humanidade de todas aquelas pessoas.

Esta semana escrevi umas doze cartas, para dizer que estava com saudades; também voltei a ter vontade de comprar papel colorido, canetinhas, adesivos, cartões postais e muitas caixinhas para mandar muitos presentes ao longo do ano. É uma maneira até de não perder a esperança depois do meu trauma com os Correios e de voltar a interagir melhor com todo mundo depois de tanto tempo tentando ajeitar as coisas por aqui sozinha. Mas sinto saudades daqueles a quem não posso falar mais...