Se Bin Laden causou um desastre em uma das maiores potências da terra, imagina o que ele não foi capaz de fazer em sua visitinha no inferno. Ué, vocês não sabiam que Bin Laden esteve no inferno? Esteve. Os diabinhos fizeram até assembléia pra mandar o homem embora. Mas não adiantou, ele ficou. Ficou e causou mais confusão. Incentivado pela trupe do rei lá de baixo, Mr. Laden travou uma guerra contra o perigoso Ferrabrás para conseguir sua imunidade nas terras de Lúcifer. Porém, a mortandade de diabretes durante a guerra foi tão grande que até o próprio demo arrependeu – se de ter mandado o grupo de Laden trazer a cabeça do homem. Lampião já esteve lá também, vocês sabiam? O desastre causado por ele foi tão grande quando o que a turma do Al Quaeda aprontou. Coisas do quinto dos infernos...
Bem a esta altura deve ter gente se perguntando se eu enlouqueci. Não, não pessoas. Estas estórias eu li em folhetos de cordel. A história de Bin Laden está em A Visita de Bin Laden Ao Inferno, de Guaipuam Vieira. Na terceira edição do Rabisco, eu fiz uma matéria sobre Literatura de Cordel e citei duas obras do autor em questão: A Relação dos Cornos Brasileiros (esse é de matar de rir!) e A Carta de Seu Lunga a FHC. Um bom tempo depois que a matéria foi ao ar, ele teve acesso e enviou - me um e-mail comentando o texto. Foi uma surpresa! Conversamos um pouco e ele disse que ia me mandar um livro de presente. O livro chegou hoje. Chama – se Canta Cordel (Fortaleza – Edições Cecordel – 2001) e é uma coletânea de vários contos neste formato.

Foto: Rômulo Fialdine
Guaipuam Vieira é um dos poetas mais atuantes no setor cordelista e organizador de diversos projetos. Um dos que se envolveu durante as últimas duas décadas terminou despertando o interesse de vários adolescentes que hoje produzem este tipo de literatura no Centro Cultural de Cordelistas do Nordeste – CECORDEL. Além disso, ele junto com outros poetas possui um ponto de venda de cordéis que atende pessoas de todo o Brasil e divulga o trabalho de diversos autores dos folhetinhos de trovador. Os cordelistas são chamados também de trovadores. Este nome veio da origem européia da literatura. Atualmente o Brasil é um dos poucos países onde a arte é desenvolvida, tem força e atrai pesquisadores de todo o mundo.
Particularmente, eu acho os cordéis fascinantes. Quando lemos as estórias é que temos real noção do quanto seus autores são conhecedores da nossa cultura e também da cultura de outros países. Muitas epopéias estrangeiras foram trazidas para o Brasil e aqui foram contadas, recontadas e até ganharam elementos regionais. O imaginário popular é maravilhoso, e o cordel é uma das principais ferramentas de eternização do que a nossa cultura tem de mais genuíno.
Outro aspecto interessante da literatura de cordel é que ela traz em suas publicações outro tipo belíssimo de arte: a xilogravura. As capas dos folhetos são, em sua maioria, de gravuras obtidas através desta técnica. Elas são talhadas em madeira e algumas em borracha vulcanizada, que recebeu o nome de linogravura. Na edição de setembro de 2002, a revista Superinteressante abriu espaço para mostrar algumas das belezas desenvolvidas pelos artistas brasileiros. Abaixo uma do pernambucano Marcelo Soares:

Para quem quiser adquirir cordéis ou saber mais sobre este tipo de literatura:
Sites
Site do CECORDEL
Pontos de Venda
BANCA NACIONAL DO CORDEL
Largo dos Correios – Centro – Fortaleza – CE
Fone: (85) 454 1835
J BORGES
Av. Major Aprígio da Fonseca, 420
Bezerros - PE
Email de Autores
Guaipuam Vieira (CE) – guaipuamvieira@yahoo.com.br
Marcelo Soares (PE) – marceloalvessoares@yahoo.com.br