O EVENTO

Hoje começou a 3ª Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE. O Evento será realizado em Recife – Olinda e tem como tema UM ENCONTRO COM A CULTURA POPULAR. O objetivo do encontro é incentivar a produção cultural e científica dentro das universidades e divulgar os projetos já executados dentro do panorama proposto para esta edição, além de discutir a identidade cultural do país. Pela primeira vez o evento é temático e possui diversas opções de oficinas, mini – cursos, comunicações científicas, mostras, mesas redondas, palestras, debates, apresentações culturais e festas. Durante sete dias haverá muito o que ver, fazer e aprender no Centro de Convenções de Pernambuco.
O evento este ano está recheado de convidados ilustres como o Ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, que estará discutindo fatores culturais e inclusão social; a jornalista Soninha, debatendo sobre como fazer uma abordagem multilateral do problema das drogas; o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, que participará de uma palestra sobre políticas públicas na área cultural; Ariano Suassuna, que dará uma aula – teatro; o Ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, discutindo sobre ciência, tecnologia e desigualdades sociais, dentre outros.
É bastante aguardada, também, a presença do Ministro da Educação, Cristovam Buarque, que inclusive foi capa da revista Movimento, publicada pela UNE. Mas até então, a programação não apresenta palestras com a sua presença. Há apenas a indicação de que ele possa comparecer à Conferência de Abertura do II Encontro de Representantes Discentes em Órgãos Colegiados da UNE.
Paralelamente à programação do Centro de Convenções, haverá eventos em algumas comunidades da periferia da região metropolitana como em Peixinhos, Campina do Barreto, Totó, dentre outras. Esta etapa chamada de Bienal Intinerante visa promover a interação dos universitários com projetos e expressões da cultura popular local. Uma boa oportunidade para conhecer o que tem sido produzido à margem do que a Indústria Cultural propõe. A 3ª Bienal da UNE estará acontecendo até o dia 14 de Fevereiro.
EU & A BIENAL
Desde o ano passado que o pessoal na universidade vem triturando o nosso juízo com o assunto da Bienal. Confesso que não havia me empolgado nenhum pouco, e que me inscrevi mesmo sem saber o que iria rolar definitivamente no evento. Até ontem, devidamente inscrita e organizada, eu ainda não havia pensado na dimensão da Bienal e muito menos no que ela pode representar caso realmente consiga concretizar os seus propósitos. O evento como um todo foi bem bolado, as intenções são as melhores, os palestrantes e tutores dos cursos são profissionais de qualidade indiscutível, e eu espero realmente que dê tudo certo.
Todo problema é que eu ando desencantada com o movimento estudantil no Brasil há um bom tempo. Em primeiro lugar por que acompanhei diversas vezes os rumos de alguns DA´s, CA´s, DCE´s nas três universidades que freqüentei e o resultado era sempre decepcionante. As questões estudantis estavam quase sempre em último plano e as brigas pelo poder acabavam sempre por destruir as gestões e macular a imagem de um movimento que já teve seus dias de glória e seriedade na história nacional. Outra crítica minha ao movimento estudantil realizado atualmente é que ele quase nunca é preventivo, ou seja, só vem agir quando os males já foram efetivados ou estão em vias de concretização. Poucas vezes, nos últimos anos, vi o movimento estudantil, principalmente em Pernambuco, se antecipar às decisões desastrosas dos ministros e secretários da área educacional. Um dos poucos casos em que isso aconteceu foi relativo ao processo de privatização das universidades públicas. Mas em relação a outros assuntos, as propostas acabam quase nunca saindo do papel.
É claro que existem pessoas sérias trabalhando. Conheço várias delas e admiro o empenho e a dedicação na resolução dos diversos problemas que o universo estudantil enfrenta nos dias atuais, porém, não são raras as figuras que utilizam o movimento estudantil como trampolim político, querem vinculá-lo a partidos políticos e fazem suas carreiras utilizando toda a estrutura disponível dentro das sedes do movimento. Não digo com isso que discordo que haja uma conversa entre o movimento estudantil e os partidos políticos. Concordo. Como também sou de acordo que o movimento esteja em contato com diversos outros setores da sociedade de modo a ajudar o ensino no Brasil a sair da UTI em que se encontra por causa deste modelo vergonhoso de educação unilateral e da falta de infraestrutura que assola a rede pública. Porém, que esta ligação não ultrapasse o limite da conversa e do entendimento, por que sabemos que fusões entre partidos políticos e movimentos sociais acabam por minar a independência destes. Não é preciso nem citar exemplos, creio.
Mas tenho que admitir que a Bienal da UNE, ao contrário do que pensava até certo tempo, pode ser uma oportunidade de oxigenar o movimento e de repensar seriamente o nosso papel como estudantes e ao mesmo tempo como cidadãos. Acredito que se as pessoas decidirem por fazer destes eventos espaços sérios de discussão, aprendizado, troca de conhecimentos e incentivo de ações sociais a favor da melhora do Brasil, pode ser que nos livremos daquele estigma de incompetentes que nos foi colocado após a vergonhosa participação de membros da comunidade estudantil universitária no programinha do Silvio Santos.
P.S – Mais uma vez, quem discordar pode emitir opinião. Gosto sempre de ouvir o que as pessoas têm a dizer a respeito de assuntos que são do interesse de todos nós.