Pesquisar este blog

sexta-feira, junho 13, 2003

Ana e Seus Mitos II

Sem Ana, Blues

Eu recebi este conto do Caio Fernando de Abreu há cerca de um mês. Quando li o título, já imaginei que viria uma bomba a seguir. Não sabia que era do Caio, porque li o conto antes de ler a carta de Victor falando sobre quem havia escrito e o quanto era forte. Forte mesmo. Lembro que papai estava do meu lado, no ônibus, e desistiu de conversar porque eu simplesmente fui absorvida pela estória.

Temos um fato: um homem é abandonado por Ana. Mas, a julgar por aquele post antigo Ana e Seus Mitos, muitos homens já foram abandonados por mulheres de nome Ana, e cada um expressou sua dor de uma maneira.



Porém, e ainda repito, porém, o que Caio F. faz não é expressar uma dor. Não é dizer “Ana, minha vida está triste sem você” ou “Ana, por que você fez isso comigo?”; é mostrar com todas as letras, pontuações, entrelinhas, e o que mais o universo da palavra permitir, o que é ser deixado sem ser deixado. O que é sentir amor quando o ser amado partiu deixando apenas um bilhete. O bilhete. O atestado de óbito de um sentimento que não estava preparado para morrer. O fim declarado sem consenso.

Não se sabe por que Ana partiu. Ela apenas se foi. Não se sabe de quem é a culpa. Muito menos se há culpa. O que se sabe é que se tem um quando e um depois. Quando é o processo de assimilação. Depois é o que se segue...apenas o que se segue...

Eu não achei o nome do livro em que este texto está e muito menos achei o conto na internet. Se alguém quiser o conto...eu posso ver como fazer...