Engraçado, eu coloquei o post abaixo pensando na canção de Renato Russo e hoje é 11 de outubro. Há sete anos ele se despedia com o disco que ficou conhecido como um dos mais tristes da Legião Urbana: A Tempestade ou O Livro dos Dias.

"O Brasil é uma
República Federativa
cheia de árvores
e gente dizendo adeus"
Poema de Oswald de Andrade colocado em A Tempestade
Se o álbum tivesse sido lançado como Russo queria - duplo (ou triplo) – seria, de fato, um livro dos dias. A retrospectiva de uma trajetória de vinte anos. Mas Marcelo Bonfá acabou convencendo o vocalista a lançar um disco simples e a revisão histórica acabou concretizada em Uma Outra Estação – primeiro lançamento póstumo que contém uma das músicas mais fortes que Renato escreveu: “La Maison Dieu”.
É também uma das músicas que eu mais gosto, além da própria “O Livro dos Dias”, que segue aqui em homenagem a todo mundo que, como eu, tem a legião morando no fundo da alma.
O Livro dos Dias
Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje estão aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza em mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho
Força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia dos nossos amores