Pesquisar este blog

domingo, janeiro 23, 2005

"Em meio a..."

Eu me sentei ali no banco do jardim por alguns minutos e fiquei olhando o céu longamente. A intenção era que toda aquela imensidão ajudasse a diminuir essa angústia que anda estrangulando as minhas forças. Lembrei de um belo dia na praia. Era quase meia-noite e a maré estava muito baixa. Os bancos de areia se estendiam até lá longe. Se o mar estivesse cheio era possível dizer que a distância que andamos chegaria ao que chamamos de alto mar. Era fantástico andar e ver as casinhas ficando para trás, miudinhas, e o céu estrelado se mostrando com a escuridão. A cada pegada deixada na areia o medo crescia; mas os pés não paravam e nem o corpo estancava...caminhava...caminhava. É esse o medo que sinto cada vez que encontro com o mar: de ser chamada, sempre chamada, sempre atraída, sempre buscada. Lembro da conversa de minha mãe na infância: "se teu parto fosse aquático, você teria virado sereia". Não virei. O meu eu sereia foi transferido para a irmã seguinte. Iara. Yara. A mulher d´água não concretizada que se manifesta quando chego perto do mar. Parece um convite para buscar minha própria essência. Essência essa que se confunde e encontra outra forma quando mudo o foco do mar para o céu e nele mergulho...e nele me entrego...e nele repouso as minhas dores.