Não fiz umas perguntas?...
O que vocês têm lido ultimamente? Eu me entreguei nos braços do João Gilberto Noll e deixei que ele me levasse para Londres e depois para a ponte aérea entre Berkeley, nos Estados Unidos, e Bellagio, na Itália, através das páginas de Lorde e Berkeley em Bellagio.
O Berkeley é uma obra anterior a Lorde, mas eu li na ordem inversa. Acho que fiz bem. Acredito que um me ajudou a entender o outro. O que um bagunçou o outro tentou organizar, embora eu não saiba bem se deu certo. Lorde tem a peculiaridade de embaralhar as entranhas da alma, e Berkeley me pareceu um grande poema de amor, de onde eu anotei grandes lições.
Fiquei pensando, seriamente, quando me deparei com a seguinte questão: “sou alguém que se desloca para me manter fixo?”. Eu sempre soube que eu me questionava há anos a respeito disso, mas não sabia expressar em letrinhas seqüenciadas. Noll me deu a pergunta de presente em um mês de março que parecia fadado à nebulosidade. Bem sabe a minha alma que as interrogativas não são claras, mas antes um questionamento na mão que várias dúvidas pairando.
Agora é manter o foco e tentar responder. Que tal vinte linhas a respeito disso? Muito pouco? Uma reportagem inteira serve? Que tal umas centro e cinqüenta páginas, como as do livro de Joe Gould que me espera aqui do lado? Quantas páginas vocês acham necessárias para desatar um novelo de sentimentos?
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