à base de criprofloxacino...
Como ser poética com uma bronquite aguda? Esta é uma boa pergunta para se fazer a Augusto dos Anjos ou Álvares de Azevedo, mas EU foi abandonado na casa do meu pai há um tempo que nem consigo contar. Além disso, deram fim aos meus poucos livros do jovem que sonhava com a virgem que não iria tocar, por ter sido agraciado com pequenas manchas brancas nos pulmões.
Eu lembro que li Noite na Taverna extasiada. Perdi três ônibus no Terminal da Caxangá lendo a última parte da obra. Nem recordo se estava indo para a aula. Das minhas memórias resta apenas o sentimento de compaixão nutrido pelo poeta que choramingava, em versos, os amores não vivenciados por causa da doença. Minto. Sobrevive ainda a lembrança de uma decisão que eu tomei: iria colocar o nome do meu filho, se um dia o tivesse, de Johann.
Não que eu quisesse que o pequenino fosse presentado com a mesma sina do personagem de Azevedo. Não, não. Apenas achava o nome bonito. Johann. Soava bem. No ano seguinte, na escola, fui apresentada a Johannes Kepler e descobri aquelas três leis das órbitas dos planetas. Maravilhosas. Imagina? Astrônomo. Perfeito. Eu vivia enfurnada no Observatório, que havia no terreno da igreja, perto da UFPE, catando os anéis de saturno com o telescópio. Era tudo o que eu precisava para decidir categoricamente que o nome do futuro guri seria Johann.
É claro que eu mudei de idéia. Ainda acho o nome lindo, mas não combinaria com o sobrenome da família. Então, Johann voltou para a prateleira e Johannes ficou por último, em 2001, quando abri pela última vez o livro de Física na faculdade de engenharia. Bons tempos. Por sinal, nem lembro porque comecei a escrever isso aqui. Acho que é para ver se me esqueço dos efeitos inebriantes do antibiótico...