Imagine – se em sua época de escola. Você lembra daquele pessoal que sentava sempre na frente, que era – invariavelmente - motivo das piadinhas da turma, que recebiam o apelido sugestivo de NERDS e que todas as vezes que você assistia um filme na sessão da tarde, com personagens similares aos seus amiguinhos, logo encontrava uma forma nova de chamá - los? Pois é, este pessoal que você pensava duas vezes em chamar para uma festinha e se era convidado por um deles pra sair, dava uma desculpa para não rirem da sua cara no outro dia, é o pessoal que mais sabe se divertir na face da terra.
Ontem eu me vi no meio de muitos deles, na festa mais legal que eu já fui, onde eu dancei muito sem medo de que alguém comentasse minha meia xadrez, o meu jeito esquisitinho de dançar sozinha e quietinha no cantinho do bar – é que a festa nerd foi na cachaçaria mais chique da cidade – e muito menos a forma excessivamente doce que eu tratei meus poucos amigos presentes lá.
Em uma festa nerd: pais e filhos curtem o mesmo ambiente sem nenhum conflito; sua irmã não é sua pior inimiga; o amigo do seu amigo vira seu amigo também; ninguém te chama de idiota se de repente você decide pular agarrado à caixa de som; seus amigos podem apresentar a sua banda, podem cantar junto com você; você pode se dar ao luxo de derrubar alguns deles no chão sem que eles te xinguem o resto da noite; todo mundo dança na maior tranqüilidade mesmo que não conheça NADA do que está sendo tocado e ainda tem direito a um chop grátis, cuja senha era uma letra ou número arrancados de teclados que não prestavam mais.
Só em uma festa nerd que uma não – nerd, como eu, ganharia um CD do Weezer, com lados B e músicas demo, em um sorteio; veria um dos meus melhores amigos - a última pessoa que eu esperaria encontrar no local (ele me disse o mesmo!) - dar uma de Cinderela e ir embora à meia – noite, depois de tomar três chops e dançar muito; o guitarrista da banda dedicar músicas a quem não estava na festa; água mineral ser vendida a ponto de deixar o caixa do bar sem dinheiro para troco; turistas ingleses aparecerem no meio da madrugada perguntando de onde nós éramos (de Marteeeeeeee!) e quando alguém responde que éramos nativos, o gringo acha estranho – e não tinha ninguém vestido de forma extravagante.
Pois é, apenas em um local onde se tem certeza que os nerds não foram extintos, que eu conseguiria uma carona as quatro da manhã, depois de sair de casa sem saber como iria voltar...
Imagens de: http://lavender.fortunecity.com/pulpfiction/552/ - 100% Planet Dexter Lab