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sexta-feira, novembro 15, 2002

Se não era para o público, avisasse...

Ontem eu sofri uma decepção com o V Festival Recife do Teatro Nacional

Não posso dizer que a apresentação foi ruim, porque não a vi. Por que não a vi??? Motivo simples: não consegui entrar. Li na agenda cultural da cidade do Recife que o festival iniciaria com a peça Pólvora e Poesia
nos dias 14 e 15 de novembro, ou seja, ontem e hoje. Liguei para o Teatro Santa Isabel ao meio – dia para me informar sobre horário de abertura da bilheteria e colher demais informações. Abria às 16:00. Lá fui eu comprar meu ingresso, feliz da vida, no início da noite. Duas horas antes do início do espetáculo. Os ingressos haviam acabado. Acabaram??? Acabaram!!!!! O pessoal de Recife comprou todos os ingressos para o primeiro dia de espetáculo??? Não!!! Se os ingressos tivessem acabado por causa de um público comum, eu seria a pessoa mais feliz do mundo, por saber que o povo recifense estaria dando mais valor ao teatro. Mas o motivo não foi este. Estavam “reinaugurando” o Santa Isabel pela milésima vez, e a maioria das cadeiras tinham sido RESERVADAS para convidados. Como é???? É isso aí.

OS INGRESSOS PARA O PRIMEIRO DIA ERAM LIMITADOS!!!

Digam-me onde tinha esta informação??? Não estava nos jornais, nem na agenda cultural, nem no telefonema atendido pelo teatro. Ao que tudo indicava, por todas as fontes, o público interessado em assistir ao espetáculo poderia adquirir seus ingressos e comparecer ao local no horário da apresentação. Mas não, era dia de reinauguração, logo, era dia de sessão solene para convidados.

E PORQUE NINGUÉM AVISOU EM LUGAR ALGUM??????

Que se saiba, quando os organizadores de um evento querem fazer uma solenidade exclusiva para convidados, esta é realizada um dia antes da abertura ao público, e é sempre avisada previamente para que aqueles que não foram convidados não deixem suas casas em vão. Aqui, a organização do festival fez a sessão para convidados no mesmo dia de abertura, sem avisar ao público, que acabou impedido de ver o espetáculo porque os ingressos foram limitados. Será que a atendente do Teatro não saberia informar isso ao meio – dia???? Será que os jornalistas dos principais veículos de informação da cidade – que certamente estariam presentes à solenidade – desconheciam esta informação? Então, porque raios deixaram – nos fazer papel de palhaço na frente do Santa Isabel???

Eu, que saí espalhando pela minha sala da universidade, que o festival iria começar e que as pessoas deveriam prestigiar os atores, fui a primeira a quebrar a cara e ter uma decepção destas. Além disso, tive que voltar correndo até o trabalho do meu pai, para ligar para todos aqueles com quem eu havia marcado, para que eles não perdessem a viagem também.

Não posso dizer que é lamentável porque seria redundante. Mas o que é de impressionar, é que este é um erro tão recorrente nos eventos nacionais que era de se esperar que os grupos responsáveis pela organização começassem a fazer o possível para evitá – lo, já que situações desta natureza causam constrangimento e decepção nos expectadores. Eu mesma já não vou assistir ao resto do festival com o mesmo entusiasmo com que estava ontem, antes deste ocorrido; e nem posso ser acusada de não ter me antecipado, porque procurei todas as informações a respeito do evento horas antes dele ocorrer. Então, a única coisa que se pode concluir é que existe muita coisa a ser trabalhada e repensada, porque nem sempre fazer um grande festival significa garantir a satisfação do público.