Bienal da UNE: Quarto Dia
O CASO DA PORTA ABERTA...
Ana queria muito fazer o mini-curso, mas todos diziam não haver mais vagas. Percebendo que as pessoas não andavam freqüentando as aulas dos demais cursos e um deles começaria na terça-feira, 11, ela pediu para entrar como ouvinte e o rapaz da organização disse que não havia problemas. “Ótimo!” Pensou...
Na manhã de hoje, chegou com mais três amigas ao local da aula. Esta já estava em andamento. Mostrou o credenciamento. Ia entrando quando algo atrás dela a interrompeu. Virou-se e sua atenção ficou completamente voltada para o assunto que a impediu de atravessar a porta rumo a alguma cadeira. Ouviu algumas risadas dentro da sala. Não entendeu nada. Pouco depois se virou, fechou a porta e ia dirigindo-se a um lugar quando alguém falou: “Agora que nossa amiga fechou a porta podemos continuar a nossa conversa”.
Pelo comentário, percebeu que o motivo das risadinhas anteriores era ela mesma. Sentou-se quieta em seu canto e continuou ouvindo a palestra. A sala estava escura e os rostos não podiam ser identificados. Momentos depois, alguém acende a luz. O palestrante olha pra ela e começa a rir. Falava e ria. Ela sabia o motivo do riso, que era quase compulsório e nervoso. Mas manteve-se quieta. Afinal, não queria deflagrar naquele local uma situação constrangedora.
A aula prosseguiu até que alguém perguntou se havia projetos voltados para a produção e divulgação constante da cultura popular. O tutor então respondeu: “O projeto da prefeitura de despolarizar o carnaval de Recife foi uma decisão acertada (...). Na Várzea, onde eu e a nossa amiga que esqueceu de fechar a porta moramos, há um pólo cultural estabelecido pela prefeitura”. Ele continuou então citando as vantagens de possuir diversos pólos culturais espalhados pela cidade e Ana acabou por levar todo o episódio na brincadeira. Saiu da sala conhecida como “A menina que não fechou a porta”, mas não transformou um pequeno deslize seu e do tutor em um problema desconfortável, como costuma acontecer diversas vezes entre as pessoas...
O apelido “A menina que não fechou a porta” combina bastante com ela, que não é de impedir que nenhuma oportunidade benéfica seja desperdiçada e que procura crescer como ser humano a cada dia. Ruim seria se ficasse conhecida como “a menina que fechou a porta”. Aí sim, seria triste...
ARIANO SUASSUNA É SEMPRE ARIANO SUASSUNA
Se alguém quiser saber porque Ariano Suassuna pode ser considerado uma lenda viva no Brasil basta assistir uma palestra dele. Hoje o evento que mais movimentou a Bienal e que nos fez enfrentar uma hora e meia de fila e tumulto foi uma aula – teatro apresentada pelo professor e escritor. Eu que pensava que Ariano era Pernambucano acabei tomando um susto ao descobrir que ele é na verdade do sertão da Paraíba. Ele não disse a cidade em que nasceu. Que pena! Mas pergunto a Pérola, que é vizinha dele, depois.
Durante a sua explanação sobre a necessidade de valorizar a língua Portuguesa, ele contou que certa vez um grupo de pessoas veio pedir autógrafo:
- Como é seu nome?
- Wheydja
- Como se escreve?
- W-H-E-Y-D-J-A
Ele escreveu a dedicatória e passou pra segunda pessoa.
- Como é seu nome?
- Wheymdta
- Como se escreve?
- W-H-E-Y-M-D-T-A
- Você é irmã de Wheydja?
- Como é que o senhor sabe?
Coisas que só Ariano Suassuna conta pra você...