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domingo, abril 04, 2004

A menina não sumiu...

Não, a menina não sumiu. A menina continua aqui quase sã e quase salva. Na verdade, eu perdi mais de 60% do tempo que eu tinha disponível nos últimos dois anos. Entrei em uma ONG ambiental, para estagiar na área de comunicação, e passo o dia inteiro na rua.

Saio de casa por volta das 6h45 e chego por volta das 20h nos dias mais amenos. Nos dias mais pesados, em que tenho estágio, aula e atividades extras na faculdade, vejo a minha mãe e irmã caçula apenas na hora de dormir. Passo dias sem ver o meu pai e a outra irmã que mora, atualmente, com a minha avó e isso tem deixado meu estado emocional meio abalado.

Diversas vezes eu sinto vontade de chorar no meio do dia. Fico ligando para casa da minha avó apenas para ouvir a voz das pessoas. Saio no meio da aula para olhar a cara do meu pai, antes dele ingressar em alguma reunião ou passeata. Atualmente, minhas dores de cabeça andam virando piada. Meus amigos dizem “que milagre” quando eu não estou com algum tipo de dor ou sentimento de tristeza, mas não desejo uma rotina dessas ao que alguém poderia chamar de "pior inimigo".

Alguém deve estar se perguntando o motivo da minha continuidade nesse processo, então. Primeiro, o estágio é legal e eu sei que quando eu acertar o ponto, vou aprender muito. Segundo, a atual situação financeira do país não nos fornece muito poder de escolha. Então, a gente vai batalhando...

A única coisa triste de todo esse processo é que não tenho conseguido dar conta de todas as atividades, entre elas os sites e o blog, mas a gente vai administrando as coisas aos poucos. Eu diria que, nesse momento, estou precisando ajustar os ponteiros do meu relógio biológico, para que ele sofra menos com essa mudança de rotina; e, também, estou estudando melhor o tempo que tenho disponível durante o dia, para achar uma maneira de equilibrar as atividades e poder voltar a escrever. Tenho lido muito mais que escrito e sinto muita falta de estar escrevendo quase sempre...

No mais, tenho estudado bastante sobre ecologia e meio ambiente, em especial, agroecologia que é a mola mestra do meu trabalho para a ONG; tentando treinar a minha mente para ler milhões de páginas repetitivas sobre a Invenção do Nordeste; trabalhando o meu emocional para sustentar a insanidade dos assassinos criados (ou recriados?) por Rubem Fonseca (alguém já leu os contos Passeio Noturno I e II? Aquilo é insanidade pura. Não do Rubem (ou sim?), e sim dos personagens); e controlando meus impulsos capitalistas, diante do recebimento da minha primeira bolsa-auxílio depois de dois anos sem trabalhar.

Uma coisa boa de ficar sem remuneração nenhuma, durante muito tempo, é criar consciência de que a gente precisa equilibrar os custos, para não viver em ciclos radicais de abundância e recessão. Acho que estou aprendendo...

P.S - Renata, um abração pra ti, menina!