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sexta-feira, setembro 17, 2010

Mudança de casa...

Então, o Adeus ao blogspot agora é definitivo.

Estou em nova casa aqui: www.aostraeovento.wordpress.com

Vejo vocês por lá =)

domingo, abril 11, 2010

Hora de dizer Adeus ao Blogspot

Até breve, em outro lugar...

Eu tentei por mais de um ano e meio reorganizar o template deste blog e fazê-lo funcionar de forma bacana. Não consegui! Então, sem muitas delongas me despeço do blogspot para encarar o Wordpress. Em alguns dias coloco o endereço novo aqui e divulgarei para os amigos.

Este é um momento de despedidas de várias outras coisas: antigos trabalhos, alguns amores, modos de vida, crenças. Acho que tudo convergiu e talvez o dia seja super propício para celebrar a renovação. Para me despedir com carinho e uma dica preciosa, deixo uma canção do Pedro Morais, cantor mineiro que eu conheci na época do programa Música Brasilis, por meio de uma coletânea da Telemig Celular e que fala de Adeus com muita delicadeza com seu "retrato pálido e adeus!".

So long, amigos!

Quase Não
Pedro Morais/Magno Mello

Vai você sem despedir de mim
E eu, parado no amargo da música
Escorre dos meus dedos seu anel de juras
E choro calado comigo
Foge dos meus braços, fica o lastro forte
Intacto da nossa estrada
Leva meus abraços para te esquentar
Acaso você se arrependa

Se pelo menos soubesse dizer a razão
De que maneira encarar o espelho na escuridão
Sua dor não se revela ou será que finge?

Vai, perdoa pelo bem que te fiz
Vai sem culpa e leva meus pedaços,
Meu retrato pálido e adeus

Tudo aqui, solidão
Tudo agora indiferente
Tudo assim, quase não
Só o que finda nesse instante

Tudo em mim, pelo chão
Tudo agora indiferente
Tudo assim, quase não
Sol que finda nesse instante

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Um jogo para H...apenas...


Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.

Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.


Júlio Cortázar - O Jogo da Amarelinha

domingo, fevereiro 24, 2008

Canções de liberdade...




















Expedição Beira da Linha, na Paraíba. Foto: Ana Lira


Eu sempre tive problemas sérios para cortar vínculos com coisas que eu gosto muito de fazer. No entanto, este ano eu precisei fazer uma série de revisões internas para poder focar melhor o rumo que eu quero dar ao meu destino. É claro que doeu e que até o momento eu continuo pensando se fiz a coisa certa, mas a imagem do “sim” aparecendo na minha mente é bem maior que um fosco "não" que se perde em alguma névoa bem lá no fundo.

Sendo assim, no começo deste ano, eu deixei a Vacatussa. O grupo de narrativas virou grupo literário e eu não estou tendo uma relação muito boa com a ficção há mais de um ano – mais precisamente desde que mergulhei fundo na iniciativa de me dedicar à fotografia, uma vontade tantas vezes adiada. Quando isso ocorreu, eu percebi que minha forma de expressão havia se deslocado para outro meio. Eu não conseguia mais achar graça em criar enredos fictícios, quando havia um mundo inteiro com quem eu queria dialogar via imagem.

Nesta época, também, eu comecei a participar do Grupo de Estudo de Cinema, do IAC, e percebi que o cinema documental me fascina mais do que o ficcional. Então, cheguei à conclusão que minha relação com o cotidiano de documentação é algo muito latente na minha pessoa. Eu prefiro a reportagem, a crônica e o depoimento, no setor da escrita; o documentário, no cinema; o fotojornalismo e o fotodocumentário, na fotografia. Além, de ter como área de pesquisa a história da imprensa.

Diante desse panorama, eu vi consegui entender que linguagens me fascinam, o ponto de convergência entre elas, e porque eu comecei a perder o interesse pelos mundos outros da criação, tão bem explorados por diversos artistas nas mais distintas áreas. Eu me sinto fascinada pelo relato do cotidiano, sem muita firula. Gosto do último personagem perguntando ao diretor Eduardo Coutinho: “você foi peão?”, em Peões; de Joel Silveira narrando a festa espetacular de casamento da filha do Conde de Matarazzo, em a 1002 Noite na Avenida Paulista, sem ter sido convidado; dessa fotografia intensa de rua que fazem meus coleguinhas pelas ruas e bairros de Recife.

Assim, eu continuo sendo uma leitora inveterada, mas aprendiz-de-escritora não mais. Prefiro ser aprendiz-de-repórter, aprendiz-de-fotógrafa, aprendiz de uma aproximação maior com essa rotina cada vez mais caótica das cidades que me dão medo. Acho que mesmo vivendo sobre tensão quase o dia todo, descobrir os nossos próprios rumos é como elaborar nossas próprias canções de liberdade.

Em tempo: como as seções de escrita estão bem recheadas na parte de links, hoje eu coloquei uma série de sites, revistas e páginas pessoais relacionadas com fotografia. Há revistas interessantes como a Pictura Pixel e a JPegMag e as páginas de flickr de diversos amigos meus (e a minha, também). Falta apenas a do meu amor, não é Hugo?

domingo, janeiro 13, 2008

Ô Coisa Boa...

Entrevista boa em revista boa: http://www.gafieiras.com.br

É grande, mas vale a leitura do começo ao fim. Há muito não via um debate que trouxesse idéias que vale a pena serem discutidas, principalmente, no que diz respeito a revistas de música.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Sobre Mudanças...

Entrei no blog de duas conhecidas esta semana e fiquei pensando “meu Deus, como elas agregam tantas palavras e sentidos bonitos”. Eu não sei se algum dia eu consegui fazer isso, mas tenho absoluta certeza de que minha escrita anda muito mais direta e sem tantas palavras bonitas. Acho que o “ser jornalista” me pegou e não sei se existe cura. Talvez isso tenha ocorrido, também, porque há quase dois anos a minha aproximação com a escrita literária arrefeceu. Hoje, continuo sendo uma leitora interessada, mas descobri com mais afinco o cinema, o rádio e a fotografia, principalmente, como linguagens narrativas.

Cinema e rádio como espectadora e a fotografia como via de expressão, mesmo. Eu creio que é possível ver pela quantidade de mensagens fotográficas que têm aparecido no blog. No entanto, foi muito bom ler os escritos delas e me deliciar com um texto bem pensado. Foi engraçado porque, em certos momentos, eles deixaram a sensação de que as palavras tinham sabor. A experiência de leitura teve um efeito meio sinestésico relacionado ao paladar. Fiquei rindo sozinha na frente do computador, pensando que a minha mente estava fora do controle. Era saudade.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Sobre impossibilidades...

Parte 1 - "No Cinema"

Hoje, durante o jantar, Hugo me disse que um conhecido nosso não gostou de um filme que eu havia indicado. Entre os argumentos, ele enfatizou que não conseguiu ser tocado por aquilo que viu na tela e citou que outros filmes possuíam entrelinhas muito mais comoventes que Amor à Flor da Pele, que foi a obra que eu disse que ele adoraria.

Eu confesso que fiquei surpresa com isso, embora eu ache que filme é como perfume: cada pessoa tem uma experiência única quando entra em contato. No entanto, eu sempre considerei Amor à Flor da Pele um dos melhores filmes que eu vi na vida porque ele se sustenta, a meu ver, por algo que transcende o enredo: a sutileza com que cada cena foi construída.

A narrativa é relativamente simples, ao tratar da impossibilidade de uma relação de amor, mas a maneira como isso se concretiza na tela é que faz toda a diferença. O diretor Wong Kar Wai sabe trabalhar com a tensão criada pela convivência nada harmônica entre o desejo e a repressão emocional, que esse tipo de vivência proporciona, e suas personagens trafegam entre o delírio e o desconforto durante todo o desenrolar da história.

O espectador, por sua vez, é convidado a ser confidente desse processo. Não é todo mundo que gosta da idéia, é claro, e tem até quem diga que é um filme essencialmente feminino, embora eu acredite (e acho que até comentei sobre isso uma vez, aqui mesmo no blogue) que a questão de gênero não se aplica desse modo em Amor à Flor da Pele. Os homens podem até perceber o filme de outra maneira, mas não acredito que a integração com o universo sensorial proposto por Kar Wai, em algumas de suas obras, seja exclusiva do sexo feminino.

Eu creio que um exemplo claro disso pode ser encontrado em Eros. O filme é uma coletânea de três histórias sobre amor. A primeira foi dirigida por Michelangelo Antonioni (o mesmo do clássico Blow Up), a segunda por Steven Sorderberg (de Sexo, Mentiras e Videotape) e a terceira, chamada “A Mão”, foi criada e dirigida por Wong Kar Wai. A conexão com o público masculino é imediata e existe uma série de elementos sensoriais que dialoga com os homens de modo muito intenso. O filme, no entanto, tem um enredo muito similar ao de Amor à Flor da Pele e aborda, mais uma vez, a impossibilidade de uma relação amorosa.

O que diferencia as duas obras é justamente a maneira como as sutilezas de cada personagem tomam forma por meio da expressão dos atores, dos cenários, da iluminação, entre outros elementos. Wong Kar Wai sabe a diferença entre histórias de amor e vivências de amor; e é isso que torna o que ele filma tão especial.


Parte 2 - "Na Fotografia"

Como o tema do começo da madrugada é a tensão entre querer e poder, não consegui deixar de pensar na minha rotina de menina que gosta de fotografar na rua. Hoje, um pipoqueiro (que, infelizmente, não era seu Otávio), me chamou para dizer que eu precisava pedir autorização para fotografar as pessoas – e eu nem havia fotografado, estava apenas observando como a luz que esquenta as pipocas incidia sobre o rosto das pessoas que estavam em volta do carrinho.

Mais uma vez, eu podia ter apenas dito “desculpe, senhor” e ter me retirado, mas dei uma de bobona e fui tentar conversar com ele sobre algumas questões que envolvem a fotografia. Eu não sei se é mercúrio retrógrado em gêmeos, se são as pessoas que querem falar e não têm mais paciência para ouvir ou se o problema é comigo. O pipoqueiro nem quis me ouvir, virou a cara e, no primeiro dia do ano, me fez sentir uma tremenda imbecil.

Eu fui conversar sobre isso com um amigo fotógrafo, na ocasião de um outro episódio que eu relatei aqui, e ele me disse que são ossos do ofício e que a gente tem que aprender a dialogar. Não estou acostumada a levar fora na rua, é um fato, mas, pelo visto, vou precisar conseguir uma maneira de me relacionar com estas questões nos espaços públicos porque não me vejo fotografando paisagens, embora ache lindo o trabalho de Ansel Adams.

Confesso isso porque quando saio com Hugo para fotografar a cidade são as pessoas que me chamam atenção. É a correria, as expressões do rosto, os gestos, tudo o que diz respeito a essa relação do homem com a vida que ele leva que me atrai, e nem sempre essas coisas podem esperar por um “sim” para serem captadas. Se assim fosse, nem metade das grandes fotografias que admiramos, hoje, teria vindo à luz.

O problema, mais uma vez, é o ambiente de desconfiança que a gente vive. As pessoas partem do pressuposto de que você vai usar a fotografia contra elas e isso é muito sério. Não existe mais aquele direito constitucional de que alguém é inocente até que se prove o contrário. Hoje, o lema é de que todo mundo é desleal até que se prove o contrário. É terrível viver assim e perigoso, também.

É claro que quando a gente ouve os mais velhos fotógrafos falando ou vê filmes como Cidade dos Fotógrafos e Nascidos em Bordéis, embora estas questões permaneçam, o ânimo se renova para encarar o dia-a-dia. Porém, é impossível não voltar para casa pensativa quando alguém te chama na rua e interroga de uma maneira nada amistosa sobre o que você faz quando resolve se expressar com uma câmera.

terça-feira, janeiro 01, 2008

...Aos Pés...

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra
sobre o vento
e sobre a água
até me encontrarem

(Pablo Neruda)

- poema que abre a minha agenda 2008.
...Feliz Ano Novo...

Para quem
acredita que
recomeçar
vale a pena